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Como já aqui disse, não sou vegetariana. Não tenho intolerâncias alimentares. E dietas também não são comigo. Enfim... Faço algum esforço, perfeitamente razoável, para não aumentar de peso. Mas não me proíbo nada. A minha preocupação é sobretudo comer de forma saudável e variada, mas há espaço para tudo! Legumes, molhos, peixe, queijo, carne, chocolate, sobremesas, saladas... Nesta casa faz-se de tudo, dos crus aos gratinados (bom, os fritos estão praticamente desaparecidos, confesso). O cuidado está apenas em só fazer uma refeição menos recomendável por cada 10 ou 15 em que tudo, ou quase tudo, bate certo.
Por outro lado, variar também é muito importante. E não o é só do ponto de vista nutricional, que é o mais importante e mais óbvio. Variar também permite experimentar. Testar. Conhecer sabores novos, procurar texturas, acertar nas combinações, ter cores bonitas no prato. Permite que a comida nunca canse. Que haja sempre algo novo. Que as repetições sejam poucas.
No que toca a experiências com novos alimentos, faço-as sobretudo com legumes, leguminosas e afins. Por isso é que a quinoa chegou cá a casa, por exemplo – e ficou por ser saudável, claro, mas acima de tudo porque eu a-d-o-r-o aquele sabor. E também cá chegaram as lentilhas, o tofu ou o cuscuz (e o bulgur vem a caminho). Experimentei tudo isto noutros lugares e gostei tanto que decidi fazer também.
Outra coisa que chegou há uns meses foi o konjac, por sugestão da minha "irmã". Só me dizia maravilhas: é bom, nem se percebe que não é mesmo massa, tem 10 calorias por dose, faz-se em três tempos, é versátil, apanha os sabores do que se lhe juntar... E por aí fora.
Bom, e lá foi a Sofia em busca do konjac.
Assim numa explicação muito breve e pouco científica, o konjac é uma fibra que é retirada da raiz de uma planta com o mesmo nome. Lá para as Ásias é muito usada, na culinária e não só. Se escreverem o nome no Google vão ver que do konjac se fazem cápsulas para emagrecer mas também esponjas para a pele. E, além disso, fazem-se as "massas" – que na verdade são estas fibras em formato de massa. Esparguete, fettuccine, noodles... Há várias opções.
É verdade que a ideia de fazer uma massinha boa, caseira, com o que houver no frigorífico e por 10 calorias por dose (só da "massa", atenção) é aliciante. Apetece experimentar. E eu experimentei.
Veredicto: não passa totalmente por massa a sério, não. Mas isso não significa que não seja bom – é. Eu, pelo menos, gosto. O konjac fica molinho e suave. Com os restantes ingredientes e o molho que lhe quiserem pôr, fica ótimo. (Aqui o molho é particularmente importante, se querem que o konjac se pareça, dentro do possível, com massa. Nesse caso konjac seco não vai mesmo resultar.)
No caso da comida oriental, por exemplo, o konjac pode substituir os noodles normais, ou a massa de arroz.
O mais importante para o konjac saber bem é mesmo o que se lhe acrescenta. Não tem lá grande sabor, por isso é preciso ir buscá-lo a outros lados. Cá em casa já fiz algumas vezes, nas versões esparguete e fettuccine, e resultou sempre bem. Desta feita, foi para um jantar levezinho, e acabou por sair uma versão quaaase vegetariana. Cheia de cor e de sabor!
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Konjac de vegetais (com um bocadinho de parmesão)
Ingredientes [para duas pessoas]:
250 de konjac [versão esparguete]
1 courgete média
1 cenoura média
180 g de cogumelos frescos [os que preferirem – eu usei portobello, porque tinha cá em casa]
250 g de tofu
150 g de ervilhas
6 a 8 mini tomates-chucha
250 ml de creme de soja
4 a 6 colheres de chá de sumo ou polpa de tomate
Molho de soja, alho em pó, mel e tomilho q.b. [para a marinada do tofu]
Azeite, sal, colorau, orégãos, manjericão, alho e pimenta preta q.b. [para o salteado]
Coentros e lascas de parmesão q.b. [para finalizar]
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A primeira coisa a fazer, pelo menos com uma meia hora de antecedência, é tratar do tofu. Escorra-o, passe-o por água, seque-o com papel de cozinha e corte-o em cubos. Numa taça onde caibam os cubinhos todos, e que seja mais funda que larga, coloque, a gosto, molho de soja, alho em pó, tomilho e mel. Misture bem e deixe o tofu a marinar nesta mistura. Vá-lhe dando umas voltinhas, para ele ganhar sabor por igual.
Quando for altura de fazer o almoço ou o jantar, vai começar por arranjar os legumes, cozer as ervilhas e escaldar o konjac.
Quanto aos legumes: a cenoura vai ser ralada; os cogumelos são para limpar muito bem e cortar em pedaços médios; a courgete, neste caso, foi espiralizada, mas pode perfeitamente ralá-la, também.
As ervilhas vão cozer em água temperada com sal. (Não deixe que fiquem demasiado moles, para depois não se desfazerem quando as juntar ao resto.)
O konjac é preparado tal como diz na embalagem: escorre o líquido em que vem conservado (eu sei que o cheiro não é o melhor, mas não desista agora), lava bem debaixo de água corrente e leva um minuto ao lume, em água a ferver ligeiramente e temperada com sal. Depois coa e reserva quase até ao final.
Num wok, ou pelo menos numa frigideira grande, salteie os cogumelos em azeite, e temperados com sal, um bom dente de alho picado, pimenta preta, colorau, orégãos e manjericão. Logo de início, ou um pouco depois, junte o tofu e a marinada. Deixe saltear.
A seguir, vão juntar-se à festa a cenoura e a courgette. Continue a saltear. Depois, junte as ervilhas, que entretanto já cozeram, e o konjac. Envolva bem e deixe cozinhar – em lume médio, para o konjac absorver os sabores. Ainda antes do molho, junte os tomates, cada um cortado em três pedaços. (Vai dar sabor mas sobretudo cor.)
Por fim, junte o creme de soja e a polpa de tomate, envolva tudo muito bem e deixe ferver um bocadinho. Veja se precisa de fazer algum ajuste ao tempero, apague o lume e sirva logo, para estar bem quentinho e suculento! Decore com coentros picados e, se não tiver nada contra, com umas lasquinhas de parmesão.
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Notas:
* Os cogumelos não se lavam. Bom... Os cogumelos são tipo esponja. Por isso, quanto mais água se lhes chega mais eles absorvem – o que os vai impedir de ganhar aqueles saborzinhos bons do salteado, e dos outros ingredientes, e do molho... Comece por sacudi-los bem. Se ainda houver terra, limpe-os um a um com uma toalha de papel húmida (é um trabalho de paciência, eu sei, sobretudo quando são muitos). Em último caso, se a terra for muita e nem assim se conseguir livrar dela, lave também um a um mas debaixo da torneira e só com um fiozinho de água a correr. Muita água, não. E pô-los de molho, nem pensar!
(A melhor maneira de tornar isto mais simples é escolher os cogumelos mais limpinhos que encontrar. Quando se compra avulso a tarefa é mais fácil, claro.)
* Se quiser usar outras ervas no salteado, pode e deve fazê-lo!
* O molho pode, claro, ser feito com natas. Aliás, esta receita é só uma base – pode juntar e tirar o que quiser.